quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A Maria Castanha

Uma história para ler.
MARIA CASTANHA

Há muitos, muitos anos numa floresta viviam seis duendes muito endiabrados. Usavam todos um barrete laranja e uma roupa de cor diferente. Eles gostavam muito de brincar e cantar. O que tinha roupa azul chamava-se Azulinho. O outro que andava vestido de verde era o Verdinho. O que tinha roupa cor-se-laranja era o Laranjinha. O quarto andava vestido de branco era o Branquinho. O quinto tinha roupa amarela e chamavam-lhe Amarelinho. E o sexto andava vestido com uma roupa vermelha,era o Vermelhinho.
Cada manhã, um dos duendes encarregava-se das tarefas, enquanto os outros corriam e brincavam na floresta. Mas quando chegava o Domingo, já todos os duendes tinham feito as suas tarefas e nenhum queria trabalhar.
Assim aos domingos, ninguém fazia as camas, nem varria a casa, nem limpava o pó e, o pior de tudo, era que nenhum deles fazia a comida! Por isso, aos domingos, estavam todos de mau humor e zangados e acabavam quase sempre o dia a brigar uns com os outros.
No outro lado da floresta, vivia um avô com a sua neta, que era uma menina muito bonita chamada Maria Castanha.
Deram-lhe este nome porque ela e o seu avô apanhavam castanhas e iam vendê-las ao mercado da povoação.
Cada vez que iam para a floresta, o avô dizia à Maria Castanha: Toma atenção, não te afastes muito e sobretudo não passes para o outro lado do rio. Lembra-te que vivem lá os duendes da cabana.
- Os duendes são maus, avô? - perguntou a menina.
- Não, não são maus, mas gostam muito de fazer travessuras.
Já há muito tempo que não havia passagem para o outro lado do rio, mas num dia de grande tempestade um castanheiro muito grande caiu e ficou atravessado no rio. E naquela tarde a Maria Castanha foi à floresta apanhar flores e andando, passou por cima da árvore para outro lado do rio e encontrou a cabana dos duendes.
Quando os duendes a viram, ficaram muito contentes. Depois, perguntaram-lhe como é que ela se chamava, onde vivia e se queria ficar a brincar um bocado com eles. Assim, todos juntos estiveram a tarde inteira a brincar às escondidas, aos cinco cantinhos, ao lenço, ao gato e ao rato, etc... Mas, de repente, a Maria Castanha percebeu que estava a escurecer.
- Bem, agora tenho que voltar para casa do meu avô - disse ela.
Naquele momento, os duendes deram as mãos e fizeram uma roda à volta da menina e começaram a cantar: Não, não; tu não irás embora. Não, não; não regressarás.
A princípio, a Maria Castanha pensou que eles estavam a brincar, mas depois de um bocado, vendo que já era quase de noite,disse: Pronto já chega. Agora é que me vou embora.
E os duendes tornaram a dar as mãos e cantaram: não, não, não irás embora.
A pobre Maria Castanha, com a voz a tremer um bocadinho, perguntou: Mas porque é que não me deixaram partir?
- Escuta bem: amanhã é Domingo, e aos domingos nenhum de nós quer trabalhar nem fazer comida! E não fazemos nada, só brincamos uns com os outros. Mas,se tu ficares, tratarás da casa e, sobretudo poderás fazer o comer.
- Mas o meu avô vai ficar preocupado.
- Basta que lhe mandes mensagem a dizer onde estás e pronto.
- Sim, mas aqui na floresta não há carteiro.
- Não faz mal, mas temos o velho Krock.
- Quem é o velho Krock?
- Os duendes bateram as plantas e começaram a gritar. Nesse momento, ao longe ouviu-se o ruído de um pássaro grande, e de repente viram chegar a voar uma espécie de corvo muito grande, azul da cabeça aos pés, menos o bico que era amarelo. A Maria Castanha, então, escreveu em letras grandes num papel. O velho Krock agarrou no papel com bico e voou até à casa do avô da menina. No dia seguinte, a menina levantou-se para arrumar a casa: acendeu a lareira, fez as camas, fez a comida e ficaram todos muito contentes. Quando chegou a tarde a menina quis ir-se embora... mas os duendes deram as mãos e fizeram uma roda à volta dela.
- Não, não, tu não irás embora.
- E a menina começou a chorar.
- Mas porque é que não me posso ir embora?
-Podes ir embora mas tens que prometer que vens todos os domingos para arrumar a casa e... fazer comida!
A MARIA CASTANHA PROMETEU. Mas, antes de ela ir embora ainda lhe disseram: Se não cumprires o que prometeste nós ficaremos muito zangados contigo e o velho Krock, como castigo, rouba-vos todas as castanhas antes de as poderem vender. A Maria Castanha prometeu e por fim pôde regressar a casa do seu avô. Nos dois domingos seguintes a menina foi arrumar a cabana dos duendos, mas no terceiro Domingo a menina disse ao avô: Acho que desta vez não vou. Estou cansada. Está bem - disse o avô - então temos que trancar bem as janelas e as portas, porque o velho Krock pode vir roubar-nos as castanhas.
Quando já estava tudo trancado e fechado a menina e o avô dormiram descansados, ouviram alguém bater à porta e uma velhinha a gemer: Sou uma pobre velhinha que me perdi na floresta; se me pudessem ensinar o caminho...
O avô levantou-se e desceu para abrir, mas em vez de uma velhinha, viu que era um dos duendes que tinha disfarçado a voz e atrás deles estavam os outros, que entraram a correr para dentro da casa. Uns empurraram o avô contra a parede para que não fugisse, outros foram ao quarto da menina para que não acordasse e os outros foram abrir as janelas para o velho Krock entrar. Este levava um saco muito grande e levou todas as castanhas que encontrou. O corvo saiu a voar e os duendes mais espertos do que uma raposa, desapareceram sem deixar rastos.
O avô e a Maria Castanha ficaram a chorar toda a noite enquanto lá fora começava uma grande tempestade de raios, trovões e vento.
No dia seguinte o avô disse: Aqueles duendes são uns ladrões. Vamos procurar o guarda da floresta. Ele vai ajudar-nos a fazer com que nos devolvam as castanhas.
O guarda da floresta, ao saber o que tinha acontecido, pegou no seu cajado, chamou o cão e disse: Vamos, vou já dar uma lição a estes duendes.
O avô e a Maria Castanha seguiram atrás dele. Mas, por mais que procurassem, não encontraram a cabana dos duendes em lado nenhum. A grande tempestade daquela noite tinha-a derrubado e feito desaparecer. Passado um bocado viram umas pegadas no chão, debaixo de um castanheiro. Em cima da árvore estavam os duendes, cansados encharcados, sujos, a espirrar e a chorar. Estavam todos ao monte cheio de fome e de frio. Noutro ramo com as pernas cheias de lama, todo molhado, estava o velho Krock.
- Fomos bem castigados - disse um dos duendes - por pouco não morremos e ficámos sem casa. Perdoem-nos,nunca mais faremos isso.
O avô e a Maria Castanha tiveram pena deles e disseram-lhes: Se não têm casa, podem ir viver connosco, lá ficam bem.
- Obrigado, obrigado! - disseram os duendes. -Prometemos que vamos ser bomzinhos e que vamos trabalhar. Faremos todos os recados, lavamos, varremos a casa, vamos apanhar lenha, não precisam de fazer nada... só a comida, porque a Maria Castanha cozinha melhor do que ninguém!
- Tudo isso está muito bem - disse o guarda da floresta: mas vocês têm que ir buscar as castanhas e devolve-las agora mesmo!
Então, os duendes e o velho Krock desapareceram na floresta dentro e trouxeram do seu esconderijo as castanhas que tinha levado, e até apanharam mais, enchendo três grandes sacos.
Depois regressaram todos para casa do avô, muito contentes. Os duendes fizeram o seu quarto no palheiro, e o velho Krock encontrou no telhado um tronco bem forte onde fez a sua casa.

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